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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lázarus, de Georgette Silen

Livro: Lázarus, 374 pg, 2010
Escritor: Georgette Silen
Editora: Novo Século
ISBN – 978-85-7679-348-9


Vampiros andam na moda, mesmo que cercados pelos anjos que os rondam buscando a liderança no mundo literário. E muitos dos vampiros que nos apresentam não fazem jus à nomenclatura. Não é o caso dos vampiros de Lázarus, que mesmo que o clã de Robert não seja adepto a vilania, seus integrantes não deixam dúvidas de pertencerem a raça das criaturas da noite. Toda a trama se desenvolve sobre a personagem central, a museóloga Laura, que sai do Brasil para Bristol na Inglaterra, onde acaba sendo envolvida na teia vampiresca, inclusive tornando-se uma, e aqui algo muito interessante, pois a simples mordida não simboliza o fato de que um minuto atrás não era vampiro, e um minuto após seria uma vampira, como o processo fosse algo simples. Lázarus nos mostra toda uma metamorfose complicada e um processo de adaptação que dá veracidade a toda uma transformação de um ser humano em vampiro. E é a partir desta metamorfose que o livro também dá uma grande virada, e Laura mergulha no mundo dos vampiros, em intricadas tramas políticas, e segredos guardados há muito tempo, numa ação cheia de reviravoltas, onde ela se vê atirada a uma jornada solitária longe de todos que lhe importam. É uma leitura que começa com muito romance, e vai sendo completada com ação, suspensa e aventura, e sem dúvida alguma é uma boa pedida para quem gosta de vampiros de verdade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O segredo da plataforma 13, de Eva Ibbotson

Livro: O segredo da plataforma 13, 159 pg, 2002
Escritor: Eva Ibbotson
Tradução: Angela Melim
Editora: Rocco – Jovens Leitores
ISBN – 853251421-9


Uma coisa é preciso dizer antes de tudo: O mistério que envolve a trama é desenrolado pelo leitor nos primeiros dez capítulos, e embora o livro não deixe explícitos os acontecimentos, a sugestão é tão clara, que não haverá surpresas ao final do livro. Mas de longe isto irá os afastar da leitura, pois os personagens são cativantes, mesmo quando a autora os usa para exprimir seus conceitos filosóficos e porque não políticos. No entanto, a presença de tantos seres mágicos como fadas, bruxas, fantasmas, ogros e um mago prestes a aposentadoria nos prendem a leitura. A narrativa dos momentos de ação é outro ponto alto da obra, e a festa preparada para Raimundo Trottle é tão descritiva que nos sentimos dentro dela. Aliás, a repugnância destes personagens nos faz criar o desejo de encher-lhe de palmadas. Raimundo é por sinal é o centro de toda a confusão originada com o rapto de um príncipe por uma mulher rica, mimada, e sem conceito de valores. Por causa deste rapto o moderno e o mágico, se misturam em Londres, e os dois mundos separados – para o bem das criaturas encantadas – pela entrada secreta na plataforma 13 dá início a uma aventura cheia de movimento, personagens e vidas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Biblioteca da meia-noite – A dona dos gatos, de Nick Shadow

Livro: Biblioteca da meia-noite – A dona dos gatos, 117 pg, 2009
Autor: Nick Shadow
Tradução: Rita Lagoeiro Sussekind
Editora: Prumo Jovem
ISBN – 978-85-7927-017-8


“Meu nome é Nick Shadow, curador desta instituição se-creta: a Biblioteca da Meia-noite.” Este é o início quando o autor convida os leitores a conhecerem os meandros do terror. E no convite ele não mente ao afirmar que a coleção de histórias é capaz de aterrorizar e estremecer as carnes nos jovens esqueletos. Ao menos é a impressão nítida que se tem ao ler “A dona dos gatos”. Um conto maravilhoso, cuja narrativa é digna de embater com grandes mestres como Poe. Não sei se fiquei impressionado por na minha vida ter conhecido uma senhora admiradora de gatos, que queira Deus tenha sido alguém melhor que a Senhora Tibbalt. A história vivida por uma jovem garota trás elementos dos besteiróis americanos, com uma garota que quer se enturmar com a turma das populares, até Chloe descobrir que pagaria muito caro, na tentativa de ser aceita pelo grupo, ou de pelo menos provar para as outras que não tinha medo. Normalmente estas atitudes levam a acontecimentos desagradáveis, e é o que acontece. Durante a história o autor nos apresenta em parágrafos repletos de suspense e insinuações o ambiente sombrio, e maquiavélico da trama. E como toda trama de horror os enlaces e desenlaces acontecem provocando arrepios em quem lê, e mesmo que nos últimos três capítulos a mente pútrida dos consumidores desta literatura começa a conjecturar o final, ele não deixa de ser acachapante e cruel.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O sequestro da princesa Clau de A, de Fábio Tanaka

Livro: O seqüestro da Princesa Clau de A, 100 pg 1996
Editora: Editora Didática Paulista, Coleção Novos Caminhos
Autor: Fábio Tanaka


Este livro me trouxe surpreendentes revelações. A mais assustadora é que as professoras possivelmente não lêem as obras da biblioteca, fizessem isto certamente não iriam permitir um aluno da sexta seis ler este livro. Não que isto seja algo que prejudique a qualidade do livro, mas duvido que pais zelosos permitam seus rebentos próximos dos dez anos lerem conteúdo onde as insinuações sexuais surgem em diversos momentos, como na floresta da libido, o ataque das ninfomaníacas, ou na aparição de fadas taradas, ou no explícito desejo de Conde Marcondes possuir a raptada princesa Clau de A. É justamente este seqüestro que leva ao prometido da moça, Edevilson, e seu amado samurai Tak numa jornada em busca de sua libertação. Edevilson movido por seus interesses, e Tak por seu amor percorrem uma terra de criaturas estranhas, ataques de monstros, e lutas e ação em boa dose. A narrativa é feita com velocidade e a cada capítulo podem ocorrer mudanças e viradas de jogo, em páginas que misturam sensualidade, aventura, e muita ação. Creio que dificilmente se encontre este livro em livrarias, pois foi feito voltado para as bibliotecas escolares, mas quem conseguir um exemplar terá momentos de diversão, e totalmente sem noção, num enredo clássico da jornada do herói, mas contado de uma forma muito peculiar e irreverente.

Noctâmbulos, organização de César Mancini

Livro: Noctâmbulos – Contos de Terror, 135 pg, 2007
Organizador: César Mancini
Autores: Vários
Editora: Andross
ISBN – 978-85-99267-18-3


Noctâmbulos é uma antologia que reúne uma variada gama de escritores de terror. Organizada por César Mancini, o livro trás 29 autores, de diversos estados e até de Portugal, com uma discrepância de idade muito grande. Esta diversidade é muito benéfica ao livro que consegue reunir diversas vertentes do terror. No livro há contos sobre vampiros, maldições, demônios, e tantos outros monstros, tanto na forma mais explícita quanto velada do suspense. Por ser uma antologia, e própria diversidade também justifica a crueza do texto de alguns autores, notadamente iniciantes, que se revela na forma da escrita. Mas isto não é ruim não, pois dá uma originalidade ingênua ao livro, onde há contos como As sentinelas da rua Penumbra, de Tiago Tzepesch, narrado com um texto muito bem estruturado, ou O homem de papel, de Martha de Mello Ribeiro num suspense clássico, e talvez o melhor conto do livro, Bidirecionalidade Unilateral, de Bruno Miguel Resende, um autor português, que neste conto apresenta um suspense opressor, narrado magnificamente que leva o leitor participar com seus sentimentos mais profundos, como o da surpresa, e do baque sofrido pelo personagem. Enfim este livro é altamente recomendado para leitores que gostem de uma boa história de terror e suspense.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A pedra encantada de brisingamen, de Alan Garner

Livro: A pedra encantada de brisingamen, 2006, 253 pgs,
Autor: Allan Garner
Tradução: Ruth Rocha
Editora: Salamandra
ISBN: 8516050548



Um convite para conhecermos criaturas mágicas é a primeira coisa que consegui pensar para “A pedra encantada de brisingamem”, de Allan Gardner. E também é necessário dizer que ela não perde em nada para obras do gênero mais famosas como Crônicas de Nárnia e Harry Potter. Centrada na aventura de Colin e Susan, duas crianças que acabam por descobrir que há muito mais nas florestas e campos de Alderley, do que podiam imaginar. O livro trás na trama envolvente, ágil e descomplicada, porém cheia de surpresas, uma grande quantidade de entes mágicos, a maioria deles presentes na confraria do mal [com a presença de Svarts, bruxas, feiticeiros, entre outras manifestações sombrias...], e aqui entre nós onde o autor revela um grande talento em apresentar cenas tensas, que nos causam aquele frio na espinha ou susto abrupto muito costumeiro quando assistimos a filmes de suspense. Numa das cenas inclusive, tive a nítida sensação de estar olhando das melhores filmagens de Sexta-feira 13, quando Jason saia sabe-se lá de onde. Com início numa antiga lenda do povoado, as crianças, acabam por se verem mergulhadas em seu coração, numa aventura acompanhada por anões, e um mago muito carismático, embora pouco ranzinza. Cadellin. A narrativa em torno da jornada para salvar fogofrio, feita em terceira pessoa, flui de forma esplendorosa, sem cansar quem lê, mesmo em seus momentos mais tensos a claustrofóbicos. Para os que amam criaturas fantásticas, e uma boa aventura, este livro é uma excelente pedida, e quando você se der por conta, terá chegado ao seu final, que eu lhes digo, é emocionante, pois seus dois últimos capítulos são de tanta ação, que caberiam perfeitamente numa produção hollywoodiana.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A morte do cozinheiro, de Allan Pitz

Livro: A morte do Cozinheiro, 79 pgs, 1º edição, 2010;
Autor: Allan Pitz
Editora: Above
ISBN: 856308005-9

Ao iniciar a leitura de “A morte do cozinheiro”, do escritor carioca Allan Pitz, o leitor pode ter duas certezas. A primeira de que invariavelmente o cozinheiro morrerá, e que o assassino será Luiz Aurélio [E, por favor, não se queixem de spoilers, pois este segredo o autor revela na primeira página], um personagem com sérios transtornos psicológicos, que nos jogam ao correr das páginas a um mar de incertezas e dúvidas que pairam até o final, num jogo explícito em que o leitor tem de tomar suas conclusões. A obra como várias, fruto da obstinação dos que fazem literatura neste país, se apresenta de uma forma humilde, com uma edição econômica, que pode gerar certo receio dos leitores, por desconhecerem o complexo conteúdo de seu interior. A narrativa de Allan é densa, e os personagens confusos com sua própria existência, mas capazes de nos enredar na leitura, com a curiosidade em acompanhar até onde pode ir a [in] sanidade do ser humano. Pitz escreve de um modo tão realístico, que ás vezes quem está com o livro em mãos saboreando a leitura chega a tecer teorias que o próprio autor fosse capaz de tais crueldades. Por fim tenho de discordar do autor, pois a obra vai mais além do que um “épico em homenagem a dor de cotovelo”, pois a trama é quente, flui com agilidade, e o enredo mesmo tenso nos leva a consumir suas páginas voracidade por que como tudo o que interessa aos homens, no livro há mais perguntas do que respostas para tantas personalidades diferentes, difusas, e enigmáticas. Altamente recomendável para os que gostam de suspense, e uma boa trama policial, e o melhor, que não custa muito, nos pontos de venda onde o livro está presente.